Terminei hoje o seu livro...que delícia.
Que delícia acompanhar a sua jornada e constatar a linda
mulher que se tornou.
Como não lembrar de você, nos nossos 20 anos, me
arrumando para sair: o lenço vai aqui, o colar ali, o cinto acolá...enquanto eu,
pasma, tentava acompanhar a agilidade com que você fazia tamanha transformação.
E pensar que naquele tempo você cursava Engenharia! Já estava na cara que
aquela não era bem a sua praia, só faltava coragem para assumir uma profissão
que naquela época ainda era tão desconhecida.
Ter um senso estético apurado já fazia parte da sua
personalidade. São aqueles aspectos que podemos chamar de dom. Ser doce, amiga,
bem humorada e divertida também. E então, você
uniu tudo isso ao conhecimento sobre estilo e se transformou no que toda mulher
precisa:
a amiga honesta e carinhosa que é capaz de apontar o erro sem machucar, já que logo
de imediato apresenta soluções para o problema. Afinal, de que adianta apontar
o dedo só pra criar angústia, né?
Que delícia poder compartilhar e concordar com as suas
idéias.
Que delícia ver que um grupo
de mulheres ( “alô” Alê Sanchez) vêm se desenvolvendo para trazer ao nosso
coletivo uma nova visão do que é beleza, amor, empatia e felicidade.
Que delícia poder sentir mais colaboração do que
competição, mais construção do que destruição, mais feminino do que masculino.
Durante esse tempo que não nos falamos me tornei
psicóloga e comecei a trabalhar com mulheres de todos os tipos e em diferentes
fases da vida. Apesar de trabalhar também com Obesidade (Obesidade de verdade,
com tratamentos, cirurgias, remédios e etc) não foi com as mulheres obesas que
me surpreendi. Posso te contar que passei esses últimos 14 anos de formada
(nossa!) ouvindo sobre a insatisfação que TODAS as mulheres que cruzaram o meu
caminho têm consigo mesmas.
Que pena que hoje em dia essa insatisfação ainda é tão
confundida com a estética. Pena que é o nosso corpinho, coitadinho, que passa a
ser o culpado pelo buraco que está muito, muito mais embaixo.
Nós mulheres ainda temos dificuldade de compreender que a
imagem que vemos no espelho não é real, mas sim um reflexo do que sentimos por
nós mesmas. E perdemos muito tempo tentando consertar o que não se conserta
pois a angústia não vem da matéria, mas sim da alma.
Ainda não compreendemos que essa insatisfação é resultado
da dificuldade que temos de reconhecer e
atender as nossas necessidades mais profundas.
E é em cima dessa nossa angústia que muita gente ganha a
vida tentando vender a felicidade associada a imagem ideal. Quem não se dá
conta desse conflito entra na busca desenfreada por aquele corpo, cabelo, sapato,
bolsa, maquiagem, jóia, dermatologista, nutricionista, personal, suplemento,
academia (afe!) acreditando que através deles conseguirá atingir uma sensação
de paz consigo mesma. Que pena que boa parte de nós ainda está procurando esse
sentimento no lugar errado.
E não falo contra a beleza, a vaidade e o cuidado já que
quem desenvolve amor por si mesma se trata da melhor forma possível. Falo da angústia que criamos quando desejamos ser outra pessoa.
No fundo o que a gente quer é apenas se sentir bem dentro
da própria pele. Se sentir confortável com as nossas ações, com os nossos
pensamentos e com as nossas escolhas para poder sentir orgulho de quem somos.
E que delícia observar que uma parcela de nós mulheres
está batalhando para mostrar às outras que existe um outro caminho para ser
feliz e que esse caminho está na busca de quem se é e não de quem gostaríamos de
ser.
E quem diria que a moda pode ser parceira de todo esse
desenvolvimento.
A mesma moda que fere, que frustra e que detona a autoestima
também pode ser usada para fazer com que
a gente se sinta bem sendo quem a gente é.
E que bom que vocês puderam ensinar isso pra gente.
Existe coisa melhor pra uma psicóloga do que poder ler: VISTA QUEM VOCÊ É?
Que delícia!
Saudades,
Flá”
"Vista quem você é" - Cris Zanetti e Fê Rezende - Casa da Palavra
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