O processo de individuação seria a realização de si mesmo, no que há de mais peculiar, diferente e especial de um ser humano. Assim como mostra o padrão de um código genético, nada seria completamente igual entre um ser humano e outro. Em termos de personalidade esse padrão se reproduz, sendo cada um de nós algo único e diferenciado. Mas para que essa unidade se apresente é necessário que nós possamos, ao longo da vida, nos separarmos do que é coletivo ou senso comum.
Pensar, agir e sentir como a maioria das pessoas dá segurança e ajuda a construir a identidade. Mas isso só faz sentido em um momento da vida onde lutamos pela nossa adaptação. Chega um certo momento onde o nosso maior trabalho será o de questionar valores coletivos para, cada vez mais, nos aproximarmos das nossas diferenças. Esse processo de auto conhecimento implica na descoberta da nossa realidade, dos nossos limites, do nosso jeito de funcionar.
Nem tudo é para todos e assumir esses limites nos leva a ter coragem para flagrar todos os nossos lados e acolhê-los como nosso maior bem, afinal, essa pessoa real é o que de mais precioso temos: nossa manifestação única.
Caminhar rumo a quem somos de verdade e não no esforço de quem gostaríamos de ser exige honestidade, mas é só dessa forma que podemos nos sentir plenos e felizes. De outra forma passaremos a vida toda evitando ser quem somos e tentado, exaustivamente, ser quem não somos. No fim das contas, corremos o risco de não vivermos nem uma coisa nem outra: sempre frustrados por não atingirmos o que é ideal e vazios por não experimentarmos a plenitude de nos assumirmos como somos de verdade.
Que em 2009 possamos lutar para sermos cada vez mais nós mesmos!
Flávia Scavone
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