Devido ao colapso que vive o nosso modelo social podemos observar movimentos de busca por um estilo de vida diferente daquele que nos é oferecido.
A aproximação e o interesse pela cultura oriental, que vem aumentando nas últimas décadas, resulta na ampliação de possibilidades do como viver. Entre as aquisições desse encontro cultural como a Yoga, a prática do Zen Budismo, a Acupuntura e a Medicina Ayuvédica está, a meu ver, umas das maiores possibilidades de ampliação que a cultura oriental pode nos proporcionar: o exercício da meditação.
Associada ao ermitão que se encontra no alto da montanha, a meditação é vista, pela maioria das pessoas como algo impossível de ser experimentado pelo cidadão comum, sendo muitas vezes mal interpretada e associada ao isolamento e ao silêncio. Mas a meditação nada mais é do que estar no presente.
O que é estar no presente? Permanecer exatamente onde está, concentrado naquilo que o rodeia, entregue a situação atual. Isso é difícil? Para nós ocidentais sim, porque estamos acostumados a pensar obsessivamente. Quando estamos lavando louça, dirigindo, assistindo a uma aula, lendo, normalmente não estamos lá mas em algum outro lugar para o qual o nosso pensamento nos levou.
Daí resulta a dificuldade do ocidental em permanecer na realidade, principalmente quando aquela realidade inclui um afeto desconfortável como a raiva, a timidez ou a frustração. A nossa tendência é rapidamente fugir, ou pela fantasia, ou por distrações que incluem objetos qualquer.
Praticar a meditação como um treino para estar cada vez mais aqui e agora, sem precisar fugir, é mais fácil do que se isolar num quarto escuro buscando acorrentar os pensamentos.
Podemos meditar lavando a louça, se prestarmos atenção na louça, ou ao dirigir, se realmente estivermos atentos aos nossos movimentos e ao caminho que percorremos. Experimente fazer atividades corriqueiras com a mão esquerda, se for destro ou vice versa, isso vai exigir de você uma atenção que antes não era necessária. Saia do automático e exista no presente.
Se estiver diante de um cigarro ou de um chocolate, prestes a colocá-los na boca sem saber por quê, pare. Reflita e se questione para deixar de ser controlado pelo impulso. Não é fácil, mas é possível. É um exercício como outro qualquer.
Flávia Scavone
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