17 de fev. de 2009

O Leitor

Horas antes de assistir ao filme presenciei uma discussão entre duas pessoas sobre qual seria o tema central de O Leitor. Enquanto um dizia que o filme falava sobre uma história de amor não superada o outro falava das injustiças que podem ser cometidas dentro do sistema judiciário.

O Leitor mostra como o coletivo e o privado se misturam a partir das nossas atitudes. Através da vida de Hanna e Michael observamos o que as nossas escolhas podem causar.

Poucas vezes paramos para pensar como somos responsáveis pelo coletivo.

No post anterior, falei sobre como a soma das nossas atitudes cria o mercado financeiro do qual falamos tão mal. Em O Leitor, assistimos ao julgamento de seis mulheres que, como guardas da SS, colaboraram para a morte de centenas de mulheres. Elas seriam sim culpadas, mas e todo o resto da população alemã que também tinha consciência da existência desses campos? Seriam também culpados?

Para mim, O Leitor fala de responsabilidade.

Poucas vezes paramos para pensar como somos responsáveis pelas pessoas que nos rodeiam.

Hanna, presa em suas dificuldades, não imaginaria o que poderia estar causando na vida de Michael. Michael, quando decide não se colocar diante do julgamento, não imaginaria que estaria sendo cúmplice da morte de Hanna.

O filme me lembra "Desejo e Reparação", quando podemos encarar de frente o que uma atitude egoísta e infantil pode gerar.

Em O Leitor, podemos acompanhar vidas que são perdidas pela dificuldade de se compartilhar uma dor, pela falta de treino em olhar e se colocar no lugar do outro, pela inabilidade de se relacionar, pela incapacidade de amar.

Por que ficamos tão passivos diante de nossas próprias vidas? Talvez porque não conseguimos compreender as reais consequências dessa atitude.

Jung dizia que quando conscientes poderíamos experimentar dolorosas consequências se não nos posicionássemos diante de uma situação. Se somos conscientes, somos cúmplices.

O Leitor nos ensina que estamos ligados dentro de um sistema maior e que, dificilmente, podemos pensar apenas em nós mesmos.

Flávia Scavone

Um comentário:

Silvia disse...

Assisti ao filme ontem e tive as mesmas impressões que você. Parei para refletir. Muito bom!