26 de dez. de 2010

“A princesa e o sapo” e o novo modelo de relação

No fim do dia de natal, ganhei um presente quando liguei a televisão justamente na hora em que o desenho “A princesa e o sapo” estava começando.


No conto, a princesinha, querendo sua bola dourada de volta, negocia beijar o sapo e acaba encontrando um príncipe. Para que o filme fosse atualizado e fizesse sentido, a história precisou ser modificada.

No filme encontramos três modelos de mulher: a mãe, que está voltada para a família, a representante do estereótipo feminino, que só pensa em se casar com o “príncipe encantado” e a nossa protagonista, aquela apoiada no modelo masculino, que busca o sucesso profissional, é extremamente prática, não consegue se divertir e acredita que o envolvimento afetivo é um obstáculo para seus objetivos (a nossa princesinha ficou um pouquinha mais complicada).

Esses são os três modelos mais marcantes do nosso tempo e acredito que o filme acaba mostrando um caminho para a busca feminina por um modelo que nos caiba melhor.

No filme, o príncipe se transforma em sapo durante a sua busca por uma mulher rica que pudesse bancar a sua vida boa, já que tinha sido deserdado. Já a protagonista acaba beijando o sapo em busca do dinheiro para realizar o sonho de comprar o seu restaurante.

A ironia está no fato de que ambos estão falidos e como ela não é uma princesa de verdade, ao invés de salvar o príncipe acaba se transformando em sapo também.

A feiticeira que poderia quebrar o encanto os adverte para a necessidade de saírem da superficialidade, indo mais fundo para descobrirem se o que pedem é o que realmente precisam. E, enquanto canta a feiticeira repete: cave mais, vá mais fundo, se pergunte, reflita, do que você realmente precisa.

Querer é diferente de precisar. Querer é ego, necessidade é alma.


E é nesse caminho, buscando transformarem-se em humanos novamente, que o encantamento acontece e o novo modelo de relação aparece.

Sem poder tirar nenhuma vantagem um do outro, eles precisam agora estar juntos em prol de um objetivo em comum e assim, viram parceiros. Ela aprende a se divertir, ele aprende a se esforçar. Ela abandona sua rigidez e ele, o seu egoísmo. Sem o interesse, o amor pode acontecer e ambos saem ganhando.


A nova mulher quer carreira e quer amor e o novo homem não precisa nem bancar e nem ser bancado por ela, ele pode ser parceiro!

Não preciso nem dizer que o filme tem um final feliz.

Então, mesmo atrasada, desejo a todos um feliz natal!

Flávia Scavone

Nenhum comentário: