Quando comecei minha “fase Oscar 2010” comentando sobre o “Cisne Negro”, achei que não esbarraria em outro filme tão intenso. Ledo engano! Essa parece ter sido a temporada de filmes mais tocantes dos últimos tempos. Um atrás do outro: “127 horas”, “Poesia”, “Biutiful”, “Incêndios” e enfim, “Em mundo melhor”.
Será que estamos tão anestesiados que a arte vem prestar esse serviço ao nos acordar para o que está acontecendo ao nosso redor? Acho que sim.
A Psicologia está mais acostumada a estudar, analisar, interpretar e trabalhar com a vida individual do que com a coletiva e já foi muito criticada por isso. Mas a Psicologia de Jung sempre esteve voltada para o coletivo, isso porque Jung via no indivíduo a manifestação ou atualização de potências coletivas, pertencentes a todos nós: os arquétipos. E acreditava também que a mudança do coletivo aconteceria através de cada indivíduo.
No cinema é comum assistirmos tramas que têm como pano de fundo os conflitos de uma nação ou de uma época. É interessante como observar esses conflitos através da vida privada nos auxilia a absorver melhor uma história coletiva. Parece que só assim conseguimos nos identificar, nos colocando no lugar do outro e podendo experimentar na pele o clima ao redor.
Por outro lado, podemos também ter a oportunidade de refletir como cada um de nós é responsável pela realidade que vivemos.
Tanto em “Incêndios” como “Em um mundo melhor” acompanhamos histórias que têm como pano de fundo conflitos, guerras e violência. E ambos os filmes conseguem mostrar como um ato violento possui um história que começa na vida privada.
Esses filmes mostram a estreita conexão entre a violência e o abandono, entre a raiva e o desamparo. Tanto em “Incêndios” como “Em um mundo melhor” vemos o retrato de uma geração de pais tão mal resolvidos com as suas próprias vidas que seria impossível esperar que amparassem os próprios filhos. E é na ausência desses pais que a dor começa a nascer, se transformando em ódio e depois, em atos violentos.
“Em um mundo melhor” mostra a imagem de um desses pais salvando vidas na África. Esse médico herói e sensível, consegue olhar com tanta ternura para os meninos que correm atrás do seu caminhão mas não consegue se conectar com o próprio filho que está só e desamparado na Dinamarca.
Paramos para pensar: de que adianta então salvar as vítimas da violência na África se dentro de casa, no outro lado do mundo, criamos espaço para os próximos violentos se desenvolverem? Como modificar o macro sem pensar no micro, que está aqui ao nosso lado?
São belíssimos filmes nos mostrando como a violência não está restrita à zonas de guerra e está aqui, dentro de cada um de nós, no nosso dia a dia. Eles mostram como o coletivo nada mais é do que a soma de atitudes individuais e que para modificar o todo não há outra forma a não ser começando aqui: dentro de casa!
Um comentário:
Sou estudante de psicologia e tbm gosto da Psicologiz Junguiana. Gostei do seu blog, e tomei a liberdade de add nos meus links de blogs, no meu.
Abraço, sempre que puder estarei dando uma lidinha por aqui.
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